terça-feira, 25 de outubro de 2011
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Continua a interrogação, que aliás, talvez nunca se vá. E talvez seja melhor que permaneça. Eu pensei que a tinha esquecido, que estava em paz comigo, que ele era meu amigo, que era verdadeiro o teu sorriso. Por um momento eu acreditei naquelas palavras, me senti bem ali sentado, e mesmo que alienado, me senti feliz. Hoje eu já não sei. Nem o que escrever eu sei. E apenas escrevo enquanto penso no que escrever. Talvez a chave seja não parar de escrever. Você pode ver? Por trás daquela franja há um rosto lindo, atrás daquela nuvem há uma lua cheia, dentro desse livro existe vida. Por que esquentar um banco se nós podemos voar? Por que repetir se é possível criar? Por que se conformar se podemos evoluir? Se você se calar, talvez nada mude. Mas de qualquer jeito, um dia você vai morrer, e se calando ou falando, isso terá um fim.
"Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira de evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder." Steve Jobs
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Ver Vendo
"De tanto ver, a gente banaliza o olhar - vê... não vendo.
Experimente ver, pela primeira vez, o que você vê todo dia, sem ver.
Parece fácil, mas não é: o que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade.
O campo visual da nossa retina é como uma vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que você vê no caminho, você não sabe.
De tanto ver, você banaliza o olhar.
Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório.
Lá estava sempre, pontualíssimo, o porteiro. Dava-lhe bom dia e, às vezes, lhe passava um recado ou uma correspondência.
Um dia o porteiro faleceu. Como era ele? Sua cara? Sua voz?
Como se vestia? Não fazia a menor ideia. Em 32 anos nunca conseguiu vê-lo. Para ser notado, o porteiro teve que morrer.
Se, um dia, em seu lugar estivesse uma girafa cumprindo o rito, pode ser, também, que ninguém desse por sua ausência.
O hábito suja os olhos e baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver: gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê o que um adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez, o que, de tão visto, ninguém vê. Há pai que raramente vê o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher.
Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos.
...É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença."
Experimente ver, pela primeira vez, o que você vê todo dia, sem ver.
Parece fácil, mas não é: o que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade.
O campo visual da nossa retina é como uma vazio.
Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que você vê no caminho, você não sabe.
De tanto ver, você banaliza o olhar.
Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório.
Lá estava sempre, pontualíssimo, o porteiro. Dava-lhe bom dia e, às vezes, lhe passava um recado ou uma correspondência.
Um dia o porteiro faleceu. Como era ele? Sua cara? Sua voz?
Como se vestia? Não fazia a menor ideia. Em 32 anos nunca conseguiu vê-lo. Para ser notado, o porteiro teve que morrer.
Se, um dia, em seu lugar estivesse uma girafa cumprindo o rito, pode ser, também, que ninguém desse por sua ausência.
O hábito suja os olhos e baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver: gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.
Uma criança vê o que um adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez, o que, de tão visto, ninguém vê. Há pai que raramente vê o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher.
Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos.
...É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença."
Otto Lara Rezende
Texto publicado no jornal "Folha de S. Paulo", edição de 23 de fevereiro de 1992.
Obrigado Silmara!
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
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