sábado, 4 de setembro de 2010
"É só um jogo"
Vocês estavam lá. De maneiras diferentes, vocês estavam lá. Como sempre estiveram. Os olhos dela lutavam consigo mesmos para entender o que se passava, contraíam-se para achar a camisa na qual o nome de seu filho estava escrito. Aquela que vê em ti seu futuro, esperança para as suas crenças, modelo de suas decisões, sentia seu coração apertado, degustando todos os significados da piedade. Ele estava lá. Mesmo à quilômetros de distância, pensava e se preocupava, orava, tinha seu coração angustiado por não saber o que acontecia no momento em que fechava os olhos suplicando à Deus pelo melhor para o seu filho. Ela não podia ver o que todos viam, mas sentia como ninguém sentia. Cada fôlego que procurava, cada gota que escorria. Ela sentia. Do que adianta correr quando não se sabe para onde ir? Do que adianta gritar quando ninguém pode te ouvir? Fraco, medroso, ridículo. Você pôde sair andando e ainda falar. Seus músculos obedeciam as ordens de seu cérebro e havia saliva o suficiente em sua boca para tentar explicar o inexplicável. Não diga que mereceu aquele olhar, não pense que era o mais importante motivo para aquela preocupação, muito menos que merecesse qualquer ajuda divina. Você foi o pior aquela noite. E quanto aos demais que olhavam, que te julgavam, atentos a cada movimento, agradeça-os pela misericórdia. Riram pouco e foram gentis em cada palavra. Se não podes mudar o que já foi, que ao menos acorde para o que vai ser. Eles com certeza estarão lá.
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